Maha Lilah - O Jogo da Autoconsciência
O Maha Lilah, jogo milenar hindu, é para os indianos o que o tarô é para os europeus e o I-Ching para os chineses: uma descrição dos estados e as situações pelas quais circula o homem no processo de crescer através da vida. Para jogar o Mahalilah precisam-se quatro coisas: um tabuleiro específico (reproduzido ao lado), um dado, as instruções e um dado pessoal do jogador.
Ao iniciar, cada jogador coloca seu objeto na Casa 68, a casa da Consciência Cósmica (Vaikuntha Loka); aquele que tirar o maior número na primeira rodada lerá para os demais jogadores este texto: Antes de jogar o jogo estamos na meta final dele, o Ser, que, sem forma nem nome, é fonte de todo o que existe.
O dado do karma registra as vibrações do jogador, que logo escolherá uma forma e um nome para jogar o jogo das escadas e das serpente, através dos oito níveis do Mahalilah, o grande jogo, até voltar à fonte original, onde tudo recomeça eternamente.
Depois, ele joga o dado e o passa para a pessoa à sua direita. Quem tirar um número 1 move seu objeto para a primeira casa, a casa do Nascimento (Janma), e lê seu significado para os demais jogadores.
Nas próximas etapas do jogo, a cada vez que um jogador tirar um 6, avança sem ler e joga o dado novamente até tirar um número diferente de 6. Somente no último movimento lerá a descrição da casa em que caiu. Quando o objeto do jogador cair na base de uma escada, é movido até o fim dela, lendo a descrição dessas duas casas. Quando o objeto cair sobre a cabeça de uma serpente, deve descer até o extremo da cauda, lendo as duas descrições correspondentes.
O objetivo do jogo é chegar de volta à Consciência Cósmica. Se o jogador alcançar a oitava fileira e passar da casa 68, deve avançar e retroceder entre a casa 69, plano do Absoluto (Brahma Loka) e a 72, a Inconsciência (Tamoguna), até tirar a cifra exata que o deixe na boca de serpente, que o engolirá e o levará de volta para a terra (Prthivi), na casa 51.
Lançar os dados simboliza a influência do caos em uma existência que nem sempre acontece dentro de uma sequência lógica. Cada casa tem um nome e corresponde a um nível de consciência no processo do autoconhecimento. Os nomes das casas levam o jogador a meditar sobre o conceito por trás da palavra e a se familiarizar com a metafísica hindu como veículo para o autoconhecimento.
Cada fileira que o jogador ascende, como numa espiral, equivale a um chakra, centro de energia no ser humano onde se expressa a energia cósmica, indo desde o mais denso (Muladhara) ao mais sutil (Sahasrara), e além dele, até Vaikuntha Loka, (Plano Celestial), em que se transcende a individualidade.
O jogo conclui quando o jogador cai exatamente na casa 68, Consciência Cósmica (Vaikuntha Loka), seja através da ascensão numérica, seja pela escada que inicia na casa 54, exercício espiritual (Sadhana).
Jogando várias vezes, você irá descobrir circuitos frequentes, escadas auxiliadoras e serpentes amistosas. Isto é o que torna o Mahalilah um jogo de autoconhecimento. Há somente um jogo: o jogo em que cada um de nós é um jogador representando seu papel. Esse é o jogo universal da energia cósmica, mahalila. Após iniciar o jogo, o tabuleiro começa a brincar com a mente, com o ego e com o sentido da própria identidade do jogador.